Thursday, April 27, 2017

Jâmnia e o cânon, existia uma Bíblia na época de Jesus?

Quinta é dia de pergunta e resposta aqui no forum. Toda semana publico uma resposta mais elaborada sobre perguntas enviadas por alunos ao meu email. Se deseja sua pergunta respondida aqui, por favor, me envie pelo email rodrigog@eteachergroup.com 


Então, Jâmnia (Yabne; Yavneh) é primeiramente mencionado em escritos rabínicos pelos menos 1 século após o tal evento e a melhor descrição está no Talmud Gittin 56b.De acordo, com a teoria tradicional espalhada por Heirich Graetz em meados de 1870 os relatos rabínicos falam de um debate entre os rabis sobre ALGUNS livros bíblicos que eram considerados impuros por uns e não por outros (Cantares, Eclesiastes e se não estou enganado depois Crônicas e Ester) - ver passagem na Mixná Yadaim 3:5. Então Graetz baseado em passagens como essas que mencionam de decisões acerca de livros da bíblia e da passagem do Talmud Gittin sobre Jâmnia (cidade perto de Tel Aviv hoje) sugeriu que o Cânon foi "definido" num CONCÍLIO EM JÂMNIA... 

Mas até onde sabemos não haviam concílios rabínicos nesse período como é o caso do Cristianismo principalmente no II-IV século (onde questões doutrinárias foram definidas). Hoje mais e mais estudiosos crêem numa pluralidade "canonica" nas várias seitas Israelias nos primeiros séculos da nossa era Os estudos de Jack Lewis e Jacob Neusner mostram que o cânon da Bíblia Hebraica conforme nós temos hoje foi aceito pela maioria dos Judeus apenas após o IV ou talvez V século. 

No entanto não devemos ignorar a influência que o Cristianismo (e outras seitas Israelitas) tiveram na formação do Judaísmo rabínico (e virse versa). por exemplo, recentemente um estudioso de Qumran sugeriu no volume de 50 anos após Qumran (em breve consigo essa bibliografia) que a estrutura dos livros da Bíblia Hebraica em contraste com a estrutura do Antigo Testamento (Cristao) é diferente por razões teológicas discutidas nos primeiros séculos do Cristianismo. Por exemplo, o livro de Daniel não é considerado parte dos PROFETAS, possivelmente porque os Cristãos o usava muito para argumentar o messianismo de Jesus (esp. Daniel 9). Assim, ao remover o livro de Daniel da categoria de profeta, o canôn Judeu sugere que ele não deve ser lido como uma literatura que prevê o futuro mas que olhar para o passado. Estrutura e categorização de literatura bíblical nesse caso é em si uma mensagem teológica.

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