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Hilel foi mais aceito que Shamai possivelmente por sua flexibilidade em interpretar a Torá. Sugerimos que isso ocorreu provavelmente porque ele era da Diáspora. Para refletir...
(a) Em sua opinião um maior contato com estrangeiros (gentios) contribuiu ou não para interpretação de Hilel? Se contribuiu, para melhor ou pior?
(b) Paulo também era da Diáspora (Tarso - Cilícia) e aprendeu sobre os auspícios de um seguidor de Hilel (Gamaliel). Teria isso contribuído para sua visão mais flexível acerca da Torah e inclusão dos Gentios no Cristianismo?
(c) Jesus cresceu e viveu na Galileia, local de maior exposição estrangeira que Jerusalém (aprendemos mais sobre isso no Curso EXPLORANDO A TERRA DA BÍBLIA), como isso afetou o DNA de seus ensinos acerca da universalidade do reino de Deus?
Minhas observações
É fato que vários Israelitas na época de Jesus não queria se relacionar com Gentios. Visto que no passado, conforme os profetas da Bíblia Hebraica revela, a relação entre Israelitas e Gentios resultou em idolatria e exílio. Assim, no período do segundo templo (c.600 a.C. - 100 d.C) muitos Israelitas não se sentiam confortáveis em arriscar um outro exílio. Ou seja, eles temiam que ao relacionarem com Gentios eles se "contaminariam" e desagradariam a Deus. Outros Israelitas, principalmente os da Diáspora enxergavam o tema diferentemente e eles mantinham certo contato com os Gentios. A literatura de Qumran, o Novo Testamento e a Pseudoepígrafa atestam que o tema era bem sensível na época.
Nos Manuscritos do Mar Morto a tendência percebida é de um afastamento dos Gentios. No Novo Testamento percebemos atitudes nacionalistas por parte dos discípulos e alguns outros Israelitas, que não se davam bem com Samaritanos nem Romanos ou Gentios (e.g. Pedro e Cornélio em Atos 10). O medo de relacionar com os Gentios não significava que todos os Israelitas não compartilhavam suas crenças religiosa com estrangeiros. Em Mateus 23 encontramos Jesus afirmando a iniciativa dos Fariseus em viajar e ensinar a Torá para Gentios, convertendo-os em prosélitos. No Novo Testamento há vários casos de Gentios que aceitaram o Deus de Israel, vários deles centuriões como Cornélio (Mat 8:5-13/Luc 7:1-10; Gerasenos? - Luc 8:26-39; mulher de Tiro Mat 15:21-28).
De acordo com o Talmude (ver aula 29 ou para meus alunos 22 – Judeu entre as Nações e os Intermediários Gentios Prosélitos) para os Fariseus o problema não era se relacionar com Gentios, mas como esse contato deveria ser feito. O ponto de debate era até onde um Israelita deveria ir em contato com um Gentio, ou melhor, o quanto um Gentio deveria se conformar às práticas da Torá. Quando esse contato se tornava impuro e perigoso?!
A preocupação em se expor ao desconhecido tem sido motivo de reflexão da religião bíblica na época de Jesus e hoje. Os movimentos nacionalistas Europeu e os debates sobre a inclusão de refugiados mulçumanos mostram que o contato com o estranho ainda causa muita preocupação à sociedade Ocidental. Na linguagem de Mircea Eliade essa interação ou dicotomia é chamada de sagrado e profano, e nas palavras da antropóloga religiosa Mary Douglas, de pureza e perigo. Entender como harmonizar esses domínios e assim marcar o território do sua comunidade é um assunto perene que abre margem para muitas discusões.
Como você acha que Paulo reagiria a inserção de imigrantes e de outras religiões no Ocidente? Como a mensagem de uma salvação universal impactou seu (Paulo) relacionamento com estrangeiros? E como essa mesma mensagem deveria moldar políticas Cristãs hoje em dia? O que você acha?
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